O que é a associação livre?
- Tiago Caloto
- 30 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de out. de 2024

A regra de ouro da psicanálise é a associação livre.
Essa regra diz respeito a falar tudo que lhe vier à mente, sem omissões, sem censuras.
Para Freud, essa livre associação de ideias seria fundamental para a revelação dos pontos-chave que dão acesso ao inconsciente.
Na clínica, é importante que se comunique tudo o que se passa pelo pensamento. Nada deve ser omitido, por mais que pareça absurdo, constrangedor, aversivo ou incoerente.
Pois os conteúdos mais relevantes para uma análise são justamente aqueles que, sem percebermos, ocultamos de nós mesmos.
Em um texto chamado O início do tratamento, Freud diz que a sugestão ao paciente deve ser a seguinte:
"Diga tudo que lhe vier à mente. Comporte-se como um viajante que está sentado à janela do trem e descreve para o seu vizinho, alojado no interior, como se transforma a paisagem ante os seus olhos".
Com isso, Freud propunha que, para uma análise acontecer, o analisando deve evitar refletir demais sobre aquilo que se passa pela sua paisagem mental, ou seja, pelos pensamentos que emergem durante a sessão. É importante que não se exerça nenhuma crítica sobre suas próprias ideias. Basta a observação e o relato do que é observado.
Desse modo, nada deve ser considerado secundário ou trivial. Tudo é importante. E o que será dito não precisa fazer sentido. O inconsciente mesmo não o faz. Afinal, ele abarca exatamente aquilo que não conseguimos simbolizar e elaborar, aquilo que nos é estranho e que nos contradiz.
Não permitir que a associação livre aconteça, ou interrompê-la enquanto parece estar fluindo, é sinal de resistência sobre o material que precisa ser trabalhado. Pensamentos esquisitos e involuntários virão à tona e é essencial que eles sejam relatados.
A psicanálise precisa de uma total transparência por parte do analisando.
Mas é claro que essa não é uma tarefa fácil de início.
A autoconsciência é um desafio.